Recentemente o Instagram recebeu uma série de críticas pelos testes do feed em formato de tela cheia. Insatisfeitos com o foco que a plataforma tem dado ao vídeos curtos, muitos usuários apontaram os experimentos como mais uma tentativa de copiar o TikTok. A polêmica foi tanta que o chefe da rede social, Adam Mosseri, voltou atrás e pausou os testes. Há, porém, muitos outros recursos do Instagram que foram inspirados em ferramentas de outros aplicativos. Os Stories, por exemplo, foram assumidamente copiados do Snapchat, que se tornou popular justamente por autodestruir as fotos após 24 horas.
Os filtros em realidade aumentada e o recurso de apagar fotos e mensagens após a visualização também surgiram primeiramente no Snapchat. Além disso, outras redes sociais, como Pinterest e BeReal, foram alvo de cópias do Instagram.
Lançado no Instagram em 2020, o Reels gerou, logo de cara, comparações com a proposta do TikTok e da antiga rede social Vine. Afinal, ambas plataformas consistiam na publicação e edição de vídeos curtos e divertidos. O Reels seguiu a mesma linha de raciocínio: vídeos verticais com no máximo 30 segundos, e a possibilidade de combinar áudio, imagens, textos e efeitos visuais.
Hoje, para um vídeo ser considerado Reels, pode ter até 15 minutos – diferente do TikTok, que tem como limite de duração 10 minutos. Porém, para que o vídeo seja recomendado no Instagram e tenha um maior alcance, é preciso que a duração seja de até 90 segundos.
Quando comparado ao Reels, o TikTok sai na frente nos quesitos produção e consumo, até porque esse tipo de conteúdo é o carro-chefe do aplicativo. A rede social chinesa ultrapassa o Instagram em termos de variedade de recursos de edição, como efeitos de voz e filtros novos. Além disso, o TikTok também possibilita ao usuário baixar todos os vídeos disponíveis na plataforma, diferente do Reels, que permite apenas que o usuário faça o download dos próprios conteúdos, e não dos de outras pessoas.
Um dos primeiros recursos "copiados" pelo Instagram foi o Stories. A ferramenta, que permite publicar conteúdos efêmeros disponíveis por apenas 24 horas, é similar ao recurso "Minhas Histórias", do Snapchat. Até mesmo os comandos das ferramentas são iguais: tocar no lado direito para avançar, no esquerdo para voltar e arrastar da direita para a esquerda para ver as publicações de outro usuário. Em 2017, o então diretor de produto do Instagram assumiu a cópia e argumentou que "é assim que o mercado funciona".
Enquanto cada story tem no máximo 15 segundos de duração, os conteúdos do Snapchat não ultrapassam 10 segundos. Ambas as redes permitem que o usuário compartilhe a publicação para todos os usuários, ou para apenas um seguidor específico. Além disso, os dois aplicativos têm ferramentas de edição em comum, como texto, desenho livre, stickers e emojis, músicas, filtros de realidade aumentada e botão de link. No entanto, o Instagram oferece mais opções de interação com os seguidores, como quizzes, enquetes e caixa de perguntas.
Até mesmo o Pinterest foi alvo das "cópias" do Instagram. A rede social da Meta lançou em 2017 o recurso "Coleções", que permite organizar e categorizar publicações salvas em pastas. Acontece que a ferramenta foi inicialmente idealizada e popularizada no Pinterest, onde é possível salvar inspirações em uma espécie de "moodboard". A diferença é que, no Instagram, é preciso salvar os posts para categorizá-los. Já no Pinterest, ao criar uma pasta, a rede sugere imagens para serem inseridas de acordo com o título criado e referências que você já havia salvado anteriormente.
Filtros de selfie em realidade aumentada
O Snapchat foi uma das primeiras redes a oferecer filtros interativos e de realidade aumentada. Lançado em 2015, o recurso "Lenses" fez sucesso entre os usuários, que se divertiam com efeitos de coroa de flores e orelhas de cachorro. O Instagram, por sua vez, anunciou em 2017 uma ferramenta de reconhecimento facial para aplicar efeitos ao rosto muito parecida com a do Snap. Na ocasião, muitos usuários reclamaram que a qualidade e tecnologia dos filtros do Instagram eram bem inferiores. Tempos depois, a rede da Meta anunciou a inclusão da "Biblioteca de filtros", permitindo acessar efeitos de criadores de conteúdo – função que o Snapchat também já possuía.
Um dos diferenciais do TikTok era a função "Duetos", que permitia fazer gravações dividindo a tela com um vídeo pré-gravado por outros usuários. A ferramenta ganhou popularidade após ser usada para cantar junto com celebridades e para reagir a conteúdos de outros criadores. Em 2021, a função chegou ao Reels nos mesmos moldes, permitindo criar montagens com qualquer vídeo publicado no feed.
Fotos e vídeos que apagam após a visualização
Além dos posts com 24 horas de duração e filtros interativos, o Snapchat fez sucesso por permitir o envio de mídias e mensagens que se autodestruiam após a visualização, tornando impossível rever o conteúdo enviado no chat individual. Em 2017, o Instagram também aderiu à opção de envio de fotos e vídeos temporários no Direct da plataforma. Em 2020, lançou o "modo temporário" do chat, em que até as mensagens desaparecem após serem visualizadas pelo outro usuário.
Após o sucesso do TikTok, o Instagram começou a testar, com usuários selecionados, um feed em tela cheia, seguindo o mesmo formato da rede social chinesa. O objetivo era priorizar conteúdos produzidos no Reels com deslizamento vertical. No entanto, a notícia não foi bem recebida pelos usuários, que criticaram o distanciamento da proposta inicial do Instagram: ser uma rede social de fotos. Com isso, a plataforma decidiu interromper o teste piloto e reavaliar a experiência do usuário. Em entrevista dada à plataforma Newsletter, o chefe da rede social, Adam Mosseri, admitiu que as pessoas estavam frustadas e que era necessário "dar um passo atrás".
Em julho deste ano, o Instagram lançou o Dual Capture, ferramenta para gravar Reels usando as câmeras frontal e traseira simultaneamente. Muitos usuários acharam o recurso parecido com uma função presente na BeReal, rede social que incentiva a autenticidade e não oferece filtros. Criado em 2019, o aplicativo envia, uma vez por dia, um alerta dando aos usuários dois minutos para tirar uma foto com os lados frontal e traseiro da câmera. Assim, os seguidores podem ver o que a pessoa realmente está fazendo ao registrar aquele momento. A diferença é que a BeReal não permite edições ou manipulações da imagem após a captura dupla.