O Bluetooth é uma tecnologia de comunicação sem fio presente em diversos produtos no mercado, de smartphones a caixas de som, passando por pulseiras fitness e outros dispositivos IoT (Internet das Coisas). Desenvolvido pela Ericsson nos anos 90, o Bluetooth tem forte influência da cultura nórdica, incluindo seu nome e logo. Desde seu lançamento, ele é gerido por uma organização própria, a Bluetooth SIG, que tem como membros gigantes como Microsoft, Apple e Intel. A seguir, conheça melhor a história, saiba o que é, como funciona, de onde vem o nome e outras curiosidades da tecnologia Bluetooth.
O nome Bluetooth é uma homenagem ao antigo rei viking Haroldo I da Dinamarca. Nos países nórdicos, ele é conhecido como Harald “Blatand” (que pode ser traduzido como Dente Azul, ou Bluetooth em inglês) Gormsson. Há várias versões sobre as origens desse apelido, sendo a mais famosa a de que seus dentes eram tão podres que tinham uma coloração azul escura.
O fato é que Haroldo I ficou marcado na história por ter unificado as tribos da Noruega, Suécia e Dinamarca em um único reino entre 958 a 986. Por isso, quando engenheiros da Intel, Ericsson e Nokia se uniram para criar uma tecnologia de comunicação para ondas curtas em 1996, o nome Bluetooth foi sugerido por um dos engenheiros. A ideia era que, assim como o rei conseguiu unir a Escandinávia, a nova tecnologia também seria capaz de unir diferentes dispositivos.
A princípio, o nome Bluetooth era para ser apenas temporário, e o nome PAN (sigla para Personal Area Networking) pintou como forte candidato a nome comercial. Porém, uma busca pela internet mostrou centenas de marcas registradas como PAN. Então, o Bluetooth sobrou como opção.
Uma curiosidade é que o logo do Bluetooth também é diretamente ligado ao rei viking, já que é a junção das runas nórdicas Hagall e Berkanan, que correspondem às letras “H” e “B” das iniciais de Harald “Bluetooth”.
O que é e como funciona?
O Bluetooth é uma tecnologia de conexão sem fio de curto alcance. Assim como em outras tecnologias do tipo, a comunicação é feita enviando pacotes de dados de um dispositivo para outro. No caso do Bluetooth, o transporte é feito por um dos 79 canais da banda 2,4 GHz ISM, a mesma usada por micro-ondas, telefones sem fio e walkie-talkie. Para evitar interferências, os canais podem ser trocados aleatoriamente a uma velocidade de até 1.600 saltos por segundo.
Assim que um smartphone e um fone de ouvido sem fio são pareados, por exemplo, eles formam uma rede interna chamada Piconet. Essa rede coloca os dispositivos no mesmo canal e sincroniza a sequência de saltos para que os dados cheguem com sucesso de uma ponta a outra.
A transmissão é sempre feita de um emissor (no caso, o smartphone) para um receptor (o fone sem fio). Mas essa sequência pode ser alterada sem precisar mudar de rede.
Atualmente, o Bluetooth opera em dois modos: o clássico e o Low Energy (LE), de baixo consumo. O modo clássico é usado para transmitir dados mais pesados, como arquivos de áudio para uma caixa de som, por exemplo. Já o LE é usado em dispositivos que não exigem muita velocidade, mas precisam ficar bastante tempo sincronizados, como lâmpadas inteligentes e pulseiras fitness.
Quando surgiu o Bluetooth?
A primeira versão de uma tecnologia de rádio de curto alcance foi desenvolvida em 1989 pela empresa sueca Ericsson. A ideia era criar headsets que pudessem se conectar aos computadores sem a necessidade de cabos. Na época, a única tecnologia sem fio disponível era o infravermelho, que obriga que ambos os dispositivos estejam alinhados o tempo todo.
Em meados dos anos 90, outras empresas que trabalhavam em tecnologias semelhantes se uniram à Ericsson para criar um padrão único de comunicação sem fio de curto alcance. Então, em 1998, foi criado o Bluetooth Special Interest Group (SIG), organização internacional que desenvolve, regula e padroniza a tecnologia Bluetooth em todos os dispositivos no mundo. Dentre as empresas que fazem parte do grupo estão Microsoft, Apple, Nokia e Intel.
O primeiro dispositivo Bluetooth, um headset sem fio da Ericsson, foi lançado no ano seguinte durante a feira COMDEX 1999. Depois, em 2001, surgiram os primeiros celulares e acessórios para carros com conexão Bluetooth.
Quais versões do Bluetooth já foram lançadas?
Até o momento foram lançadas cinco versões do Bluetooth. Todas são retrocompatíveis, o que significa que um dispositivo de versão mais atual consegue se conectar com dispositivo de versão mais antiga.
A versão 1.0 foi lançada em 1999, com velocidade máxima de 1 Mbps (cerca de 125 KB/s) e alcance de 10 metros. Em 2005 veio a versão 2.0, com velocidade aumentada para 2,1 Mbps e alcance de 30 metros de distância. Em 2009, na versão 3.0, foi introduzido o Bluetooth High Speed (HS), que usa o mesmo padrão Wi-Fi IEEE 802.11. Com isso, a velocidade aumentou substancialmente para 24 Mbps.
No ano seguinte, em 2010, aconteceu uma das principais mudanças na história do Bluetooth. Com a versão 4.0 houve a introdução do Bluetooth Low Energy (BLE). Sua taxa de transmissão era de apenas 1 Mpbs, mas seu consumo também era mínimo, o que o tornava ideal para acessórios inteligentes. Além disso, seu alcance máximo subiu para até 100 metros.
Em 2016, foi lançada a versão 5.0, que trouxe diversas melhorias no BLE. A velocidade de transmissão aumentou para 2 Mbps e o alcance máximo passou para até 240 metros — às custas da redução da taxa de transmissão. Outra novidade foi a opção de Dual Audio, em que um dispositivo pode transmitir sons para dois dispositivos diferentes. Veja o que é Bluetooth 5.2 e entenda diferenças, alcance e compatibilidade.
Vale mencionar ainda a versão 5.2, anunciada em 2019, que trouxe como novidade a possibilidade de transmissão de áudio via Bluetooth Low Energy. Isso significa que, em breve, teremos não apenas fones de ouvido e caixas de som com maior duração de bateria, como também uma maior oferta de aparelhos auditivos, tradutores instantâneos e outros produtos smarts voltados para áudio.
Qual a diferença entre o Bluetooth e o Wi-Fi Direct?
O Wi-Fi Direct é uma tecnologia semelhante ao Bluetooth, já que consegue conectar dois dispositivos sem a necessidade de um roteador. No caso, a conexão é feita por meio do Wi-Fi Protected Setup (WPS), a mesma tecnologia presente nos roteadores para simplificar o acesso à internet.
A vantagem do Wi-Fi Direct é que ele é dez vezes mais rápido do que o Bluetooth, com taxa de transmissão de até 250 Mbps contra 25 Mbps. Em contrapartida, o Wi-Fi Direct acaba consumindo bem mais energia que o Bluetooth.
Lançado em 2011, o Wi-Fi Direct está presente em diversos produtos, de multifuncionais a smartphones, passando por videogames e set top box. Sua implementação explica em parte porque o modo clássico do Bluetooth tem sido deixado de lado em favor do Bluetooth LE.